Porto Alegre, 06 de fevereiro de 2018, 01:23 h.
Estou vendo a Lua da janela do meu quarto, no bairro Petrópolis.
Ah! A lua.
Me traz recordações de minha adolescência, quando eu
sentava na calçada, a noite e ficava por horas observando o céu, estrelas,
lua...
Observando a lua, tenho um sentimento de pertecer a algo, de que ela pertence
a mim. Que coisa louca a lua é minha, as estrelas também.
Aqui de baixo consigo
quase tocá-las.
Daí penso, independentemente de qualquer coisa que aconteça aqui de
baixo, a Lua continuará lá, olhando pra mim, me cuidando, fazendo parte de
minha vida, me mostrando o infinito, de quanto sou pequeno neste universo, mas
por horas me sinto grande e até posso tocá-la.
A Lua tem traços de romantismo.
Aquele amor platônico, que está lá. Nunca vamos tocá-lo.
A Lua é sempre a mesma, sempre igual, mas se renova a cada noite, a
cada noite uma nova lua.
E de vez em quando alguém diz: – Tu vistes a lua hoje?
Ver a Lua, em tempos de google, facebook, whatsapp e netflix, parece-me
algo fora do contexto.
Mas ela está lá.
Ela está aqui.
Veio velar meu sono.
Mostrar que mesmo sendo um satélite que apenas reflete o brilho do sol, ela tem vida própria, romantismo, participação ativa em
nossas viagens.
Eu, engenheiro poderia fazer um foguete para ir na Lua, desta vez sem
montagens.
Lembro de certo dia, em minhas andanças, estava trabalhando de ‘cleaner’ de uma obra, uma das atividades
era recolher e empilhar ‘palets’,
eram 18. Para tornar meu trabalho mais agradável, cantava Raul Seixas e
imaginava que estava construindo uma nave espacial.
- Para visitar a Lua!
Nosso poder de imaginar, pode por vezes nos levar longe, nos dar
alento em situações difíceis.
A Lua, está subindo, estou a 14 min escrevendo e namorando-a.
Vou ter
que abrir mais minha janela, antes que ela se vá, ainda terei alguns minutos,
antes que ela fuja de meu ponto de visão.
Com 15 cm de janela, ganhei mais alguns minutos.
Antes eu olhava a Lua da calçada em frente a minha casa em Pelotas, ficava
por horas fazendo isso, tarde da noite, sem problemas, sem medos.
Hoje, posso ver pela janela de meu quarto, entre as grades.
Moro na Capital agora. Aqui é perigoso.
Tempos de facção, com carros roubados, casas invadidas, cabeças
decepadas.
Não parece mais tão romântico olhar a Lua.
Mesmo assim a Lua continua lá, participando de tudo, alheia a tudo.
A Lua me faz companhia.
Me traz boas lembranças.
Me torna livre, me aguça os sentidos.
Tenho duas
malas.
Preciso me
mudar.
Sinto-me
sozinho de baixo da Lua.
Desamparado,
sem família, sem ninguém.
E penso
quantos erros cometi para chegar neste momento.
O que estou
fazendo de minha vida.
Mas não
adianta lamentar.
Tenho que
agir, fazer algo para mudar o rumo das coisas.
Ter coragem
de enfrentar os dias de hoje e vencer.
A vitória é possível
para quem não desiste.
A Lua se foi a 01:57 h, foram 34
min, onde pude delirar um pouco, viajar, escrever...
Fazer parte do mundo da Lua.