segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

No mundo da Lua



                                   Porto Alegre, 06 de fevereiro de 2018, 01:23 h.

Estou vendo a Lua da janela do meu quarto, no bairro Petrópolis.
Ah! A lua. 
Me traz recordações de minha adolescência, quando eu sentava na calçada, a noite e ficava por horas observando o céu, estrelas, lua...
Observando a lua, tenho um sentimento de pertecer a algo, de que ela pertence a mim. Que coisa louca a lua é minha, as estrelas também. 
Aqui de baixo consigo quase tocá-las.
Daí penso, independentemente de qualquer coisa que aconteça aqui de baixo, a Lua continuará lá, olhando pra mim, me cuidando, fazendo parte de minha vida, me mostrando o infinito, de quanto sou pequeno neste universo, mas por horas me sinto grande e até posso tocá-la.
A Lua tem traços de romantismo.
Aquele amor platônico, que está lá. Nunca vamos tocá-lo.


A Lua é sempre a mesma, sempre igual, mas se renova a cada noite, a cada noite uma nova lua.
E de vez em quando alguém diz: – Tu vistes a lua hoje?
Ver a Lua, em tempos de google, facebook, whatsapp e netflix, parece-me algo fora do contexto.
Mas ela está lá.
Ela está aqui.
Veio velar meu sono.
Mostrar que mesmo sendo um satélite que apenas reflete o brilho do sol, ela tem vida própria, romantismo, participação ativa em nossas viagens.


Eu, engenheiro poderia fazer um foguete para ir na Lua, desta vez sem montagens.
Lembro de certo dia, em minhas andanças, estava trabalhando de ‘cleaner’ de uma obra, uma das atividades era recolher e empilhar ‘palets’, eram 18. Para tornar meu trabalho mais agradável, cantava Raul Seixas e imaginava que estava construindo uma nave espacial.
- Para visitar a Lua!
Nosso poder de imaginar, pode por vezes nos levar longe, nos dar alento em situações difíceis.
A Lua, está subindo, estou a 14 min escrevendo e namorando-a. 
Vou ter que abrir mais minha janela, antes que ela se vá, ainda terei alguns minutos, antes que ela fuja de meu ponto de visão.
Com 15 cm de janela, ganhei mais alguns minutos.
Antes eu olhava a Lua da calçada em frente a minha casa em Pelotas, ficava por horas fazendo isso, tarde da noite, sem problemas, sem medos.


Hoje, posso ver pela janela de meu quarto, entre as grades.
Moro na Capital agora. Aqui é perigoso.
Tempos de facção, com carros roubados, casas invadidas, cabeças decepadas.
Não parece mais tão romântico olhar a Lua.


Mesmo assim a Lua continua lá, participando de tudo, alheia a tudo.
A Lua me faz companhia.
Me traz boas lembranças.
Me torna livre, me aguça os sentidos.


Tenho duas malas.
Preciso me mudar.
Sinto-me sozinho de baixo da Lua.
Desamparado, sem família, sem ninguém.
E penso quantos erros cometi para chegar neste momento.
O que estou fazendo de minha vida.
Mas não adianta lamentar.
Tenho que agir, fazer algo para mudar o rumo das coisas.
Ter coragem de enfrentar os dias de hoje e vencer.
A vitória é possível para quem não desiste.


A Lua se foi a 01:57 h, foram 34 min, onde pude delirar um pouco, viajar, escrever...

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